Clube do Gol › Fóruns › Notícias Automotivas › você sabia desses 7 fatos sobre o icônico Volkswagen?
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01/09/2019 às 10:00 #1010419772
Com laços na Audi e visitas à Ford, sendo laboratório de preparadores, e estreando tecnologias no Brasil, o AP rendeu muita história em seus 27 anos
O motor AP é dono de um título controverso no Brasil, o de ser um dos motores mais venerados da história nacional. Enquanto alguns “APzeiros” acreditam em sua absoluta superioridade, outros questionam sua fama, e garantem que o AP não é lá tudo isso.
Nós não estamos aqui para resolver a disputa, enxergando nele tanto as qualidades quanto os momentos em que deixou a desejar. O que nos interessa são algumas curiosidades da história do projeto, que podem ter passado batido tanto aos seus amantes quanto aos seus algozes.
O motor AP teve uma longa vida. O propulsor surgiu de uma adaptação brasileira, com base em um projeto da Audi. Em setembro de 1985, já se tinha notícia de alguns dos primeiros modelos que ele equipou.
Eram o Gol, Voyage, Parati, Passat e Saveiro, modelo 1986, carregando o AP-600 1.6, movido a álcool, de 85 cavalos de potência.
Ao mesmo tempo, chegava às lojas o AP-800 1.8 no Santana, Quantum, Passat GTS Pointer e Voyage Super. Também a álcool, ele fornecia 94 cv de potência.
Também já estava à venda o Gol GT, com o motor mais forte AP-800 S, com potência declarada de 99 cv. Na realidade, ele tinha 106 cv, mas a Volkswagen “escondeu” essa diferença para evitar uma alíquota de imposto mais alta, aplicada a veículos com potência maior que 100 cv.
Depois disso, o motor AP ganhou a configuração 2.0, AP-2000, e os irmãos foram renomeados de AP-1800 e AP-1600. Durante sua história, ele ganhou diversas tecnologias, algumas estreantes no mercado brasileiro. Seguiu até 2012, quando apareceu, pela última vez, na Parati.
E nesse tempo, também rendeu muitos fatos curiosos, como nos contaram especialistas que estiveram em contato com o motor AP desde sua chegada, além da própria Volkswagen, que você confere abaixo.
1. O motor AP, na verdade, se chama EA827
Como lembra o piloto e jornalista especializado no setor automotivo, Bob Sharp, “AP” foi apenas um nome comercial para o motor da Volkswagen. A nomenclatura oficial da fabricante está embaraçada na pré-história do propulsor que foi utilizado por 27 anos.
O motor AP é uma versão melhorada do MD-270, e ambos têm o nome interno de EA827. “AP e MD são nomes comerciais, mas todos são EA827. Esse é o nome dele, o resto é marketing”, esclarece Sharp.
A família apareceu, pela primeira vez, na primeira geração do sedã europeu Audi 80 de 1972, marca que já pertencia ao Grupo Volkswagen de então.
Contudo, quando chegou ao Brasil, os engenheiros da Volkswagen local fizeram algumas alterações no projeto. Por aqui, a família EA827 fez sua estreia no Passat, em 1974, já com algumas diferenças, na forma do MD-270.
Ele chegou ao Voyage em 1981. Já em 1985, nasceu, de fato, o motor AP. Depois de muitos retoques brasileiros para extrair mais força, o projeto do EA827 já não se comportava como deveria.
Os motores vibravam muito e, por isso, a Volkswagen colocou bielas mais longas e pistões mais largos nele, e encurtou o curso do virabrequim. Também era novo o comando de válvulas. As bielas passaram de 136 milímetros para 144 mm.
E essa foi a diferença fundamental que separou os AP dos MD-270. Em relação ao antecessor, a novidade foi reconhecida por funcionar de forma mais suave. A distinção, inclusive, virou apelido: “bielão” e “bielinha”. Além, claro, de “AP”, sigla para Alta Performance.
Contudo, ambos permaneceram, internamente, como EA827. Na Europa, os motores da família rendem sucessores até hoje, embora modernizados, e não se pode dizer que são o brasileiro AP.
O projeto também teve diversas versões a diesel no Velho Continente, em modelos da Volkswagen e da Audi, entre outras marcas do grupo alemão.
2. Motor AP com mais de mil cavalos?
Não demorou para o novo propulsor da Volkswagen ficar conhecido entre os preparadores. Até hoje ele é a opção mais popular para uma turbinação “caseira”, como conta Eduardo Bernasconi, dono da publicação especializada Fullpower.
A preferência é explicada por Bernasconi com base no mercado. É muito fácil encontrar peças para o motor AP, elas têm custo acessível, e há diversas opções de componentes disponíveis.
“Tem um monte de pistão com um tanto de medidas, bielas nacionais e importadas, depende da receita de cada preparador”, detalha ele.
Assim, os envolvidos com preparação de carros já conseguiram extrair do motor AP potências surpreendentes. De acordo com Bernasconi, elas já chegaram a mais de mil cavalos.
Se considerarmos que a potência média da família AP ao longo de sua vida é de cerca de 100 cv, é uma multiplicação de 10 vezes. Além disso, nessa brincadeira, são usados tanto os motores antigos quanto os mais novos, conta ele.
Naturalmente, esses motores recebem inúmeras modificações para chegar a esses níveis de potência. Segundo o profissional, mal se usa o bloco do propulsor original, junto a pistões e bielas especiais, cabeçotes de 20 válvulas, e diâmetros e cursos diferentes.
Até mesmo o combustível é especial, conta ele, diferente da gasolina ou álcool encontrados nos postos.
Contudo, a “mexeção” tem consequência. “Não existe durabilidade. Depois de preparado, o motor pode quebrar na primeira largada, em menos de 500 metros”, pontua Bernasconi.
3. O motor AP também apareceu em modelos Ford
Em 1987, durante um período de crise econômica no Brasil, a Volkswagen e a Ford iniciaram uma grande parceria, a Autolatina, que durou até 1996. A colaboração, do tipo joint venture, incluía o compartilhamento de motores entre as duas, gerando modelos “gêmeos”.
Assim, o motor AP passou a equipar, também, veículos da Ford. Entre os primeiros a o receber, estavam Escort, Del Rey, Belina e Pampa, a partir de 1989. O AP-1800 de então oferecia 87 cv de potência e 14,3 kgfm de torque.
Naquele ano, também chegou às lojas o Escort XR3 com o motor alemão, dessa vez o AP 1800 S, versão esportiva que já aparecera no Gol GTS.
Além dos carros da Ford, o motor AP também equipou outros modelos nacionais. Um deles era o Gurgel Carajás, do qual algumas versões contavam com um AP-1800 de 97 cv, derivado do Santana.
Ele também chegou a ser equipado com uma configuração a diesel do propulsor, derivado de uma versão da Kombi, um 1.6 de 50 cv. O off-road foi vendido de 1984 até 1994, quando a marca brasileira foi à falência.
4. Tinha um problema de ressonância sonora na versão 2.0
Douglas Mendonça, jornalista especializado no setor automotivo que também tem experiência nas pistas, lembra que nem tudo no motor AP era perfeito. Ele reconta uma ocasião que viveu quando correu a Mil Milhas de 1994, no circuito de Interlagos, em São Paulo.
Conduzindo um Voyage 2.0, sua equipe procurou os engenheiros da Volkswagen para saber mais sobre o motor e como prepará-lo para a competição de longa distância. Nisso, descobriram que ele tinha uma falha.
“Eles disseram que o motor não podia ficar constantemente no regime de rotações em torno de 5 mil rpm, porque corria o risco de ter quebra ou fratura de biela, ou trinca de pistão”, relembra Mendonça.
Para piorar, o jornalista e piloto observa que era justamente essa a rotação alcançada em partes do circuito, como finais de reta e nos box. Por isso, os engenheiros fizeram algumas recomendações. “Mexam na relação de transmissão para que isso não aconteça, ou quem estiver pilotando vai ter que evitar manter o motor nesse limite por muito tempo”, reconta ele.
Apesar disso, Mendonça se coloca como um apreciador do motor AP, que julga ser versátil, durável, resistente e de fácil manutenção.
5. Foi o primeiro motor flex do Brasil
Já dono da fama que mantém até hoje, o motor AP se tornou o primeiro propulsor flex do país, podendo ser abastecido com gasolina, álcool, ou qualquer mistura dos dois.
Isso aconteceu com o Gol 1.6 Total Flex, lançado em março de 2003. Com o AP-1600 bicombustível, entregava 99 cv com gasolina e 101 com álcool.
Mais tarde, chegaria ao mercado a versão 1.8, com 103 cv de potência se abastecido com gasolina, e 106 cv com etanol.
6. Teve a primeira injeção eletrônica do país
Além de ter sido o estreante da tecnologia flex, o motor AP também foi o primeiro a receber injeção eletrônica de combustível no Brasil. Ela chegou no Gol GTI, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo de 1988 como modelo 1989.
Movido apenas a gasolina e inicialmente limitado a 2 mil unidades, o GTI se tornou uma febre. O motor 2.0 entregava 120 cv de potência.
Futuramente, o motor AP-2000 com injeção eletrônica também apareceu em outros carros da Volkswagen, como o Santana Executivo, de 1990.
7. Até hoje, os motores da Audi têm o AP como base
Calma, não estamos dizendo que a Audi usa o motor AP até hoje, apenas que há semelhanças de projeto significativas entre o que o EA827 se tornou no Brasil e os propulsores dos modelos alemães, como lembra o jornalista especializado no setor automotivo, Paulo Eduardo.
“A semelhança está no diâmetro do cilindro e curso do pistão”, explica ele. Podemos lembrar que o EA827 fez sua estreia no Audi 80, e que ele continua rendendo herdeiros no Grupo Volkswagen.
Por isso, alguns motores Audi atuais têm essas medidas idênticas, mesmo que já estejam muito à frente do motor AP do passado. Se você não acredita, aí vai um exemplo.
O Gol GLS 2.0 Mi de 1998 com motor AP-2000 tinha curso dos pistões de 92,8 mm, e diâmetro dos cilindros de 82,5 mm. E o Audi TT 2.0 TFSI de 2015 tem exatamente as mesmas medidas.
Fotos, a não ser quando indicado: Volkswagen | Divulgação
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