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Volkswagen Nivus conquista pela tecnologia, mas não pelo conforto

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      O mercado de automóveis no Brasil está repleto de SUVs, que hoje são os queridinhos das famílias por aqui. Esse tipo de automóvel, segundo seus adoradores, é o ideal para vencer nossas ruas esburacadas, pois possuem suspensão mais forte, rodas mais grossas e uma posição de dirigir que passa mais segurança.

      A Volkswagen, um pouco atrás nesse segmento, lançou no ano passado o T-Cross, que, segundo a montadora, veio para competir diretamente com o bicho-papão da categoria, o Jeep Renegade, que segue vendendo mais que seus rivais de outras marcas e briga diretamente com seu irmão maior, o Jeep Compass. O SUV compacto dos alemães até vende bem, chegando a incomodar o rival americano bem de perto.

      Mas, a Volkswagen quer mais. E, pensando em um reposicionamento da marca e também com foco em outro público, a empresa pensou em um outro crossover, de modo a posicioná-lo antes do T-Cross, mas que pudesse oferecer coisas que nem mesmo o irmão maior pudesse. Eis que surgia o Volkswagen Nivus, o que a montadora chama de “o primeiro Smart Car” do Brasil.

      O Nivus vem com a proposta de atrair um público mais jovem e conectado ao mundo dos SUVs. Para isso, a VW apostou forte em um design moderno e atraente, itens tecnológicos avançados e novos para o segmento e poucos opcionais. O que o torna, pelo menos sob o ponto de vista do mercado, um produto para lá de atraente.

      Entretanto, estamos falando de um SUV que parte de R$ 85 mil e, por mais que já estejamos acostumados com alguns problemas característicos dentro dessa categoria, o Nivus comete erros que podem ser cruciais no seu duelo não apenas com outras marcas, mas com o próprio T-Cross.

      Se há uma coisa em que a Volkswagen acertou em cheio com o Nivus foi no seu visual. Segundo a marca, ela está estreando uma nova categoria de veículos, mesmo este sendo posicionado como um SUV de entrada, por assim dizer. Dentro deste segmento, eu separaria dois modelos mais próximos: o Chery Tiggo 2 e o Honda W-RV, que não chegam a ser SUVs compactos como os que estamos acostumados, mas também já passaram da categoria “aventureira”, como Fiat Argo Trekking ou Hyundai HB20X.

      Entretanto, algo que vai chamar muito a atenção no Nivus é seu tamanho visto de fora. Ele mede bons 4,56m, o que o coloca à frente do seu companheiro de marca, o T-Cross, e lhe proporciona um porta-malas generoso de 415 litros, uma referência no segmento. Isso tudo foi possível graças a uma “coupetização” do automóvel, que, ao contrário dos SUVs que estamos acostumados, sempre quadradões, deu uma identidade muito própria ao Nivus.

      Na versão testada, as rodas eram Aro 16, de liga leve, mas na versão Highline elas são de 17 polegadas, o que o torna ainda mais agressivo e jovial. E por falar em jovialidade, se a ideia da Volkswagen era de atrair o público jovem, todo o pacote visual do Nivus garante que ele seja, sim, atraente.

      Na parte da frente, por exemplo, o conjunto óptico é inteiro em LED, com parte da grade frontal cromada e bem alinhada com a nova identidade visual da marca, que modificou seu logotipo justamente para o lançamento do Nivus. Por não ser tão alto com relação ao T-Cross e outros rivais, este SUV traz um ar mais esportivo e moderno, o que, claro, pode atrair muita gente.

      Não deixa na mão

      Na parte mecânica, são poucas novidades. O powertrain do Volkswagen Nivus, não importa a versão, é o competente 1.0 Turbo TSI, que despeja 128cv e 20,4 kgf/m de torque quando abastecido com etanol e 116cv (com o mesmo torque) na gasolina. Em nossos testes, ele estava abastecido com o combustível à base de cana, o que lhe conferiu uma boa média de consumo durante nosso uso, que foi misto entre cidade e estrada, algo na casa dos 11,2km/l.

      Em termos de desempenho, pouco mudou com relação ao Polo, que é sua base estrutural. No caso do Nivus, a Volkswagen diz ter alterado um pouco o funcionamento do TSI para que ele se adaptasse melhor aos 60kgs a mais que o SUV possui com relação ao Hatch compacto, mas, em termos de comportamento, o que vimos foi um carro menos esperto do que o Polo, mas que se sai melhor do que a variante 1.0 TSI do T-Cross.

      (Imagem: Felipe Ribeiro/Canaltech)

      O detalhe, no entanto, vai para a proposta do veículo. Em dado momento nos nossos testes, fizemos uma viagem ao litoral com o carro cheio de malas. Por mais que ele não nos tenha deixado na mão, ficou claro que faltou um pouco mais de potência em situações como retomadas e ultrapassagens. Se o usuário do Nivus for pegar estrada com o bagageiro cheio e com a galera, algo que tem a ver com a “pegada jovem” que a VW quer emplacar, essa pessoa vai sofrer um pouco.

      De todo modo, para o uso corriqueiro, o Nivus se sai muito bem e é uma excelente alternativa para quem precisa de um bom porta-malas e não quer apostar em sedãs compactos.

      Tecnologia à disposição

      Diante de todas as suas características, a que mais faz com que o Nivus seja um produto efetivamente atraente e mercadologicamente plausível é o seu robusto pacote tecnológico. A Volkswagen escolheu esse carro, que vai ser vendido globalmente, para lançar sua nova central multimídia, a VW Play, que foi desenvolvida aqui no Brasil, na fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo-SP.

      (Imagem: Felipe Ribeiro/Canaltech)

      A VW Play é um tablet de 10 polegadas acoplado bem ao centro do painel do Nivus. Na versão Comfortline, que é a que testamos, ela é opcional e pode ser acrescentada mediante pagamento de R$ 3520,00 que, no pacote, também traz os itens de segurança que falaremos depois.

      O diferencial da VW Play é que ela possui armazenamento interno de 10GB, o que lhe conferiu a possibilidade da instalação de aplicativos como Waze, iFood, Estapar, Deezer, Spotify e uma série de outros diretamente em sua memória, que podem ser baixados da loja de apps da própria VW. Para usar tudo isso, a montadora preferiu não instalar a internet à bordo, para não encarecer ainda mais a experiência, então, ao rotear o 4G do seu smartphone, a central fica inteiramente conectada.

      Em nossos testes, por exemplo, conseguimos pedir a entrega de comida via iFood sem precisar tocar no celular, bastando apenas alguns toques entre um semáforo e outro. Além disso, é possível ouvir e baixar músicas dos streamings sem utilizar a memória do seu smartphone.

      (Imagem: Felipe Ribeiro/Canaltech)

      Além disso, a VW Play conta com o manual cognitivo, que pode te ajudar em uma série de situações relacionadas ao veículo, como se fosse um manual impresso, só que controlado pelo toque na tela ou por comandos de voz. Esse programa, aliás, te ajuda a encontrar concessionárias próximas e até agendar a revisão de seu Nivus com facilidade. Também é possível verificar todas as informações do carro na tela, como consumo e autonomia. No caso da versão Comfortline, não é possível, por exemplo, navegar com o GPS nativo da Volkswagen, presente apenas na versão topo de linha, mas, com o Waze instalado e com conexão 4G, você não terá problemas em se localizar.

      Algo que também falta na versão de entrada, mas que está disponível de série no Nivus Highline é o cluster de 10 polegadas 100% digital, o Active Info Display. Nele, além de todas as informações de computador de bordo, podemos ter bem à frente o mapa do GPS e informações de mídia.

      O pacote de tecnologia é complementado pelos sistemas de segurança, o controle de cruzeiro adaptativo (ACC) e o sistema de frenagem autônoma de emergência (AEB), além do monitoramento frontal, que te avisa sobre a proximidade com os veículos à frente. Esses itens são inéditos no segmento e deixam o Nivus com mais cara de futuro. O funcionamento do ACC, aliás, é muito competente, dando muita segurança sobretudo em estradas e percursos em que precisamos controlar a velocidade durante muito tempo. Sua ativação, aliás, é feita facilmente pelo volante.

      (Imagem: Felipe Ribeiro/Canaltech)

      Já o AEB atua de maneira um pouco menos precisa. Tudo bem que, como já falamos aqui em nossas análises do Canaltech algumas vezes, essas tecnologias, por melhores que sejam, não substituem a ação humana. NO caso do AEB presente no Nivus, sentimos que uma maior ação seria necessária. Para efeito de comparação, o Hyundai HB20 Diamond Plus tem um sistema mais “presente” quando nos referimos à ação da frenagem em situações extremas.

      De todo modo é elogiável ver que a Volkswagen trouxe tecnologia de ponta para um segmento de entrada. A tendência, claro, é que logo vejamos isso em modelos como o Polo, Virtus e o próprio T-Cross.

      Falta espaço e requinte

      Algo que incomodou, e muito, no Nivus foi seu acabamento e o conforto. Muito embora estejamos acostumados com carros eu usam e abusam do plástico duro em suas cabines, a Volkswagen, aproveitando seu reposicionamento e apelo para um público mais jovem, poderia ter tomado mais cuidado com a aparência interna do seu novo produto – principalmente se levarmos em conta seu preço.

      (Imagem: Felipe Ribeiro/Canaltech)

      A versão Comfortline escancara a simplicidade exacerbada dos materiais, talvez para a redução de custos, já que o Nivus é muitíssimo bem equipado e, claro, mais esmero no acabamento custaria caro. Entretanto, a cabine do SUV, com exceção feita ao pacote de infotenimento, deixa a desejar.

      Com relação ao conforto para os passageiros, por se tratar de um crossover, o Nivus poderia ter um pouco mais de espaço. Dois adultos com a minha altura, por exemplo (1,84m) viajam com um pouco de aperto se o condutor e a pessoa que estiverem nos bancos do condutor e do passageiro dianteiro medirem acima de 1,75m. Não custa lembrar, claro, que o Nivus é feito em cima da plataforma do Polo, com entre eixos de 2,56, ao contrário do T-Cross, que usa a mesma do Virtus e ostenta um entre eixos de 2,65m.

      De positivo na parte interna do Nivus, é o seu isolamento acústico, digno de um carro premium. Mesmo com estradas mais ásperas, o barulho invadiu pouco a parte interna do carro, deixando a viagem, pelo menos nesse aspecto, mais agradável. O sistema de som também é um ponto positivo, com boa potência e qualidade.

      Canibalismo mercadológico

      O Nivus tem predicados que podem fazer com que ele tenha sucesso no nosso saturado mercado de SUVs compactos. Mas, algo que não pode passar batido é: e como ficam as versões de entrada do T-Cross? Bem, segundo a Volkswagen, os irmãos, se quer, competem.

      (Imagem: Felipe Ribeiro/Canaltech)

      Para a empresa, o público-alvo do Nivus é mais jovem, em uma faixa que vai de 28 a 35 anos. Já para o T-Cross, a empresa mira pais e mães de família, que precisam de mais espaço e conforto. Não faz muito sentido, tendo em vista que, mesmo com entre eixos maior, o T-Cross não é tão mais confortável do que o Nivus, isso sem falar no porta-malas, que é substancialmente maior no novo SUV.

      De todo modo, vale a pena ficar de olho em como o consumidor vai se comportar tendo uma opção mais equipada sob o aspecto tecnológico, quando falamos do Nivus, contra as versões de entrada do T-Cross, bem mais “peladas”.

      Veredicto

      O Volkswagen Nivus é sim um produto atraente e chama a atenção pelo seu design e pacote tecnológico, que é referência no segmento. O problema por aqui será a competição interna com o T-Cross e sua falta de espaço, que pode ser um problema para quem tem um uso mais pautado em viagens e família.

      O motor 1.0 TSI dá conta do recado em quase todos os aspectos e o acabamento, embora simples demais, está dentro dos padrões da categoria.

      Resta saber, porém, se o Nivus será capaz de atrair o público que a Volkswagen espera, ou se ele vai superar as expectativas e roubar clientes de concorrentes maiores, dentro e fora da montadora. Vale a pena observar.

      Fonte: Canaltech

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