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Como a Brastemp une General Motors, Volkswagen, Chrysler e Gurgel no Brasil – AUTO ESPORTE

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      A primeira Kombi a circular no Brasil, importada pela Brasmotor em 1950 e transformada em escola técnica itinerante (Foto: Acervo MIAU - Museu da Imprensa Automotiva)

      Pode um eletrodoméstico, feito para não sair do lugar, ter ligação com nada menos do que quatro fabricantes de veículos? Se esse eletrodoméstico for Brastemp e estivermos falando do Brasil, sim!

      Vamos explicar. A história começa em 1945, quando foi fundada em São Paulo uma empresa chamada Brasmotor. Ela tinha diversas atividades, mas a principal estava ligada ao Grupo Chrysler dos Estados Unidos: ela importava e, mais tarde, montava veículos que chegavam desmontados dos Estados Unidos em CKD das marcas Chrysler, Dodge, De Soto, Plymouth e Fargo. Essa montagem de veículos Chrysler pela Brasmotor aconteceu primeiro no bairro do Brás, em São Paulo, e depois em São Bernardo do Campo (SP).

      Dada essa experiência e graças a um acordo da Chrysler dos Estados Unidos com a Volkswagen alemã, em 1950 a Brasmotor foi nomeada importadora e distribuidora exclusiva da Volkswagen no Brasil. Importou e vendeu as primeiras Kombi e os primeiros Fusca por aqui.

      O plano era que a Brasmotor passasse logo depois a montar esses modelos no Brasil via CKD, assim como já fazia com a Chrysler. Isso realmente ocorreu, mas por pouco tempo: depois de cerca de 1 mil Fusca montados no País pela Brasmotor a Volkswagen decidiu, em 1953, fazê-los por conta própria, abandonando a parceria.

      Unidade da Brasmotor no bairro do Brás com carros e caminhões das marcas Chrysle (Foto: Acervo MIAU - Museu da Imprensa Automotiva)

      Perdendo a representação da VW e logo depois também da Chrysler, a Brasmotor decidiu investir em outra atividade que já exercia de forma parecida, porém em menor volume: montagem e distribuição de geladeiras, algumas já com partes nacionais. Trabalhava inicialmente com marcas dos Estados Unidos, como Alaska, Kelvinator, Norge e White Star, mas em 1954 decidiu nacionalizar a produção inteira e lançar geladeiras com uma marca própria. O nome escolhido foi Brastemp: Bras de Brasil e Temp de temperatura.

      Aqui, portanto, já fica clara a ligação da Brastemp com a Chrysler e a Volkswagen no Brasil, todas fruto da atividade de uma mesma empresa, a Brasmotor. Mas e com a GM? Essa parte da história começa em 1951, quando a General Motors do Brasil iniciou em sua fábrica de São Caetano do Sul (SP) – que acabou de completar 90 anos neste 2020 – a produção das geladeiras Frigidaire.

      Os primeiros Fusca foram montados no Brasil pela Brasmotor antes mesmo da própria Volkswagen (Foto: Acervo Alexander Gromow)

      As Frigidaire então já eram bem famosas por aqui. Nos anos 50 e 60 ninguém chamava geladeira de geladeira: chamavam-na de Frigidaire, assim como ainda hoje chamamos alguns produtos pela sua marca mais famosa, como Chiclete, Band-aid, Gillette, Cotonete etc. As Frigidaire foram os primeiros refrigeradores elétricos do mundo e chegavam ao Brasil importados desde a década de 1930, ainda que a Frigidaire fosse uma empresa da General Motors Corporation desde 1919.

      Por sinal foi justamente graças à divisão Frigidaire e seus compressores que a matriz da GM começou a instalar ar-condicionado em veículos, ainda na década de 1950. Até a década de 1960, inclusive, os compressores instalados nos carros Chevrolet traziam uma plaqueta com inscrição Frigidaire.

      Produção das geladeiras Frigidaire na fábrica da GM em São Caetano do Sul nos anos 50 (Foto: Acervo MIAU - Museu da Imprensa Automotiva)

      Voltando à nossa história, as Frigidaire nacionais fizeram bastante sucesso e por um bom tempo a fábrica de São Caetano produziu muito mais geladeiras do que carros, caminhões ou ônibus. Em menos de seis meses saiu da linha de produção a Frigidaire número 1 mil, saltando em 1956 para 100 mil, em 1963 a 500 mil e em 1968, quando começou a fabricação do Opala na mesma unidade, já eram 750 mil.

      Um milhão de geladeiras vieram em dezembro de 1970 e o segundo milhão em 1978. Todas, aliás, traziam emblemas onde junto ao nome Frigidaire estava a orgulhosa inscrição “Fabricação exclusiva da General Motors”.

      Em 1979 a matriz da GM decidiu se concentrar somente em veículos e vendeu a Frigidaire para a White Consolidated Industries, dona da marca White Westinghouse (que por sua vez foi vendida em 1986 à AB Electrolux). Assim, a produção das geladeiras em São Caetano foi encerrada em setembro de 1979. E é neste ponto que as linhas começam a se cruzar.

      A Brasmotor, a fabricante da Brastemp que antes foi representante da Chrysler e da VW, sabia que o nome Frigidaire ainda era forte no Brasil naquela época. Correu para os Estados Unidos e conseguiu um acordo de direito de uso da marca, que seria aplicada às geladeiras que ela já produzia aqui. Assim a empresa começou a fabricar geladeiras que eram basicamente uma Brastemp, mas que ganhavam pequenos detalhes estéticos diferentes e o nome Frigidaire. Essencialmente, porém, eram a mesmíssima geladeira. E assim a Brastemp ganhou sua ligação também com a GM no Brasil, graças à Frigidaire.

      Estande Frigidaire em uma feira de eletrodomésticos; Mais tarde a marca seria aplicada às geladeiras Brastemp (Foto: Acervo MIAU - Museu da Imprensa Automotiva)

      Ainda falta a conexão com a Gurgel, é verdade. Essa aconteceu mais para a frente, nos anos 1990. A Brasmotor, antes, tinha comprado a Consul e a Semer, de fogões, e se transformando em Multibrás. E a Multibrás inaugurou em 1990 uma fábrica em Rio Claro, no interior de São Paulo, inicialmente para produzir máquinas de lavar roupas e depois fogões.

      A apenas 16 quilômetros dali estava a Gurgel, instalada na mesma Rio Claro desde 1969. Pois bem: como todos sabemos a Gurgel faliu logo a seguir, em meados dos anos 90. Após anos de imbróglio judicial o terreno onde ficava a fábrica foi vendido.

      João Augusto do Amaral Gurgel na fábrica de Rio Claro no início dos anos 90 (Foto: Acervo MIAU - Museu da Imprensa Automotiva)

      Pois hoje em dia existem duas empresas instaladas neste condomínio industrial, que habita o solo sagrado da Gurgel, que vendem seus produtos para uma fábrica ali perto, na mesma cidade de Rio Claro, chamada Whirpool. E quem é a Whirpool? É, desde 2006, a nova denominação da Multibrás. E o que a Whirpool produz em Rio Claro? Acertou: produtos Brastemp, é claro.

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