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Esse Volkswagen Santana rodou do Brasil à China – e foi barrado quando chegou lá – AUTO ESPORTE

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      O Volkswagen Santana que rodou do Brasil à China (Foto:  Autoesporte)

      No início dos anos 90 um Volkswagen Santana realizou uma viagem impensável: cumpriu uma maratona rodando por quatro continentes, do Brasil até a China, percorrendo ao todo 100 mil quilômetros por 25 países.

      Mas como em uma viagem destas tudo pode acontecer, inclusive vários imprevistos – principalmente em uma época onde não havia celulares, GPS ou internet – a maior dificuldade aconteceu chegando lá: o carro foi barrado.

      A viagem foi obra de Paulo Rollo, fotógrafo com larga experiência neste tipo de viagem. Ele já rodara antes 20 mil km por oito países de moto e, depois, atravessou 55 países a bordo de um Fiat Elba durante dois anos e meio.

      A ideia inicial do aventureiro, aliás, era fazer a viagem com um Fiat Tempra, recém-lançado. Mas a fabricante aqui achou que poderia haver confusão com o Tempra italiano e não topou. Rollo bateu então na porta da Volkswagen, que acabara de apresentar o novo Santana. A montadora gostou da proposta e deu sinal verde.

      O Volkswagen Santana que rodou do Brasil à China (Foto:  Autoesporte)

      Depois Rollo procurou Autoesporte: a revista também abraçou o chamado Projeto China e em suas páginas foram retratados regularmente os trechos da viagem – foram ao todo 21 matérias publicadas naquele que foi o mais longo teste de uma revista brasileira da história.

      A proposta, inclusive, era que o roteiro fosse cumprido o mais rápido possível, com paradas apenas para descanso e revisões seguindo as orientações do manual do proprietário.

      A dupla formada pelo aventureiro e seu carro, um Santana GL 4 portas 2.0 91/92 equipado com direção hidráulica, ar condicionado e ABS, totalmente standard, ou seja, sem nenhuma preparação especial, partiu de São Paulo em fevereiro de 1992. Tomaram o rumo sul e chegaram ao Paraguai já com 11 mil km no hodômetro. De lá Argentina e Patagônia.

      O Volkswagen Santana que rodou do Brasil à China (Foto:  Autoesporte)

      A seguir, Chile: Santiago. Depois retorno para Buenos Aires, onde o Santana foi embarcado para a Cidade do Cabo, na África do Sul, por navio, depois de 29 mil km percorridos na América do Sul. A travessia oceânica levou 13 dias.

      Na África o próximo destino foi Namíbia e a seguir Zâmbia, Botswana, Moçambique e Malawi, onde o carro completou 50 mil quilômetros rodados.

      Mais à frente vieram Tanzânia e Quênia e, de lá, novo embarque em navio para Atenas, na Grécia. Ao tocar o solo europeu o hodômetro do Santana apontava 54 mil km.

      No velho continente o bravo VW conheceu as boas estradas de Grécia, Itália, Alemanha, Luxemburgo, Holanda, França, Espanha e Portugal, batendo nos 70 mil km. De problemas até lá apenas dois pneus furados.

      A seguir Suíça e uma pausa na viagem por uma razão muito especial: o Santana seria exibido no estande da VW no Salão do Automóvel de São Paulo de 1992. Para isso, veio de avião de Zurique até o Rio de Janeiro.

      O Volkswagen Santana que rodou do Brasil à China (Foto:  Autoesporte)

      Depois da mostra uma merecida revisão em uma concessionária paulistana com troca de pneus, amortecedores, bateria, freios, velas e filtros. E tome estrada: uma pequena batida com um ônibus em Campo Mourão, no Paraná, exigiu reparos de funilaria. Ainda assim estava tudo pronto para o carro enfrentar nova viagem de navio e rodar na China.

      Barrado na China

      O problema é que as autoridades chinesas não gostaram nem um pouco da ideia. Primeiro não autorizaram o carro a entrar no país. Depois de muita conversa, explicações e argumentos, foi oferecida uma exceção mas, para isso, um guia chinês deveria estar a bordo do Santana o tempo todo.

      E mais: um segundo veículo, com um médico e um mecânico, deveria seguir o Volkswagen por onde quer que ele circulasse no território chinês.

      Rollo não aceitou a proposta e encontrou uma saída honrosa para cumprir o desafio: partiu para Taiwan, ou República da China, ali perto. O Santana chegou e partiu de Taipei, após rodar, agora à vontade, pelo país asiático.

      Novo embarque de navio até o Porto de Santos e mais alguns quilômetros percorridos, para não perder o hábito, por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outra vez Buenos Aires. No retorno à capital paulista, já na segunda metade de 1993, o hodômetro cruzou a marca dos três dígitos, com 101 mil quilômetros.

      O Volkswagen Santana que rodou do Brasil à China (Foto:  Autoesporte)

      Ao todo foram consumidos 9,1 mil litros de gasolina, 39 litros de óleo de motor e três jogos de pneus e amortecedores em 1.415 horas ao volante. O pico de consumo foi alcançado em São Paulo, apenas 4,8 km/l em uma sexta-feira véspera de feriado com chuva, enquanto a melhor marca foi registrada na Terra do Fogo, Argentina, com 15,6 km/l.

      O Santana enfrentou temperaturas variando de 46 graus positivos no Quênia a 8 graus negativos na Patagônia e alturas de 3.080 metros, na África do Sul, a oito metros abaixo do nível do mar, na Holanda. Três quatros da distância total foram percorridos em estradas e um quarto em cidades.

      O Santana foi então desmontado por inteiro por técnicos de Autoesporte, que encontraram uma mecânica em pleno fôlego e com todas as especificações dentro do padrão de fábrica para essa quilometragem.

      O único problema um pouco mais sério foi no câmbio, especificamente no sincronizado da segunda marcha. De resto, o Santana estaria pronto para outra.

      Volkswagen Santana que rodou do Brasil à China (Foto:  Autoesporte)

      O desmonte foi publicado na edição 341, de outubro de 1993. “O que vimos nos impressionou”, concluiu a matéria. Se naquela época os técnicos ficaram impressionados, imagine hoje em dia!



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